Quando o coração “falha” uma batida

Sentir o coração “pular”, “bater fora do ritmo” ou dar uma “travadinha” é algo que assusta — e é também uma das queixas mais comuns nos consultórios de cardiologia.

Essas sensações geralmente são provocadas pelas extrassístoles, um tipo de batimento cardíaco antecipado que interrompe o ritmo normal do coração por um instante.

Logo após a extrassístole, o coração costuma fazer uma batida um pouco mais forte — o que o paciente percebe como um “salto”, “susto” ou “batida no peito”. Na maioria das vezes, as extrassístoles são benignas e transitórias, mas quando se tornam frequentes ou associadas a sintomas, merecem uma avaliação cuidadosa.

O que são extrassístoles

O coração bate de forma coordenada graças a impulsos elétricos que partem do nó sinusal, o “marca-passo natural” do corpo. A extrassístole ocorre quando um impulso elétrico extra surge fora desse ponto, provocando uma batida antecipada.

Dependendo da origem, ela pode ser:

Extrassístole supraventricular (quando o impulso vem dos átrios)
Extrassístole ventricular (quando vem dos ventrículos)

Ambos os tipos podem causar desconforto, mas o significado clínico varia de acordo com o contexto e a saúde geral do coração.

Sintomas mais comuns

Muitas pessoas com extrassístoles não sentem nada.
Quando os sintomas aparecem, costumam incluir:

Em situações benignas, as extrassístoles aparecem em momentos de cansaço, estresse, consumo de cafeína, álcool, tabaco ou falta de sono. Entretanto, se os episódios forem frequentes, acompanhados de tontura, falta de ar ou dor no peito, é importante investigar.

Quando se preocupar

A boa notícia é que, em corações saudáveis, as extrassístoles geralmente não representam risco.
Porém, em alguns casos, elas podem indicar ou agravar problemas cardíacos estruturais.

Procure avaliação médica se:

O sintoma está interferindo na sua qualidade de vida
As extrassístoles ocorrem diariamente ou em séries longas
Há histórico de doença cardíaca na família
Os episódios causam tontura, desmaio ou falta de ar
Há dor no peito associada

Nessas situações, a extrassístole pode estar relacionada a arritmias mais complexas e precisa ser avaliada por um eletrofisiologista.

Diagnóstico

O diagnóstico começa pela avaliação clínica e história detalhada dos sintomas. O médico pode solicitar exames como:

Eletrocardiograma (ECG) – identifica o tipo de extrassístole
Holter de 24h – registra o ritmo cardíaco durante a rotina
Ecocardiograma – avalia a estrutura e a função do coração
Teste ergométrico (esteira) – analisa o comportamento do ritmo durante o esforço

Esses exames permitem determinar quantas extrassístoles ocorrem por dia, onde se originam e se representam algum risco.

Tratamento e controle

Na maior parte dos casos, o tratamento é simples e depende de eliminar os fatores que estimulam as extrassístoles, como:

Quando as extrassístoles são muito frequentes, sintomáticas ou associadas a alterações no coração, o médico pode indicar:

Com o tratamento correto, é possível eliminar os sintomas e devolver o ritmo natural ao coração.

Vida normal é possível

Ouvir que o coração “saiu do ritmo” costuma gerar medo, mas é importante saber que a maioria das extrassístoles não traz risco e tem controle total. Com acompanhamento médico, o paciente pode viver normalmente, praticar atividades físicas e manter qualidade de vida.

O essencial é não ignorar os sintomas e buscar avaliação especializada para entender a causa e o melhor tratamento.

Conclusão

As extrassístoles são a arritmia mais comum da população e, na maioria das vezes, não são perigosas. Ainda assim, é importante investigar — porque o diagnóstico correto é o que traz tranquilidade e segurança.

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Opinião de quem conhece e confia:

Internações, exames e cirurgias

Dr. Glauco Bonato

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Médico Cardiologista e Eletrofisiologista em Juiz de Fora

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